Há muito os brasileiros descobriram Punta del Este como destino de verão. E, cada vez mais, estão se aventurando pelo resto do Uruguai, visitando Montevidéu, explorando o departamento de Colonia. Em bares e restaurantes, o português é comum e corrente. Muita gente, no entanto, não sabe que o país produz grandes vinhos. As pessoas chegam naquele bar incrível do Fasano Las Piedras e pedem um vinho italiano, francês. Vão ao badalado parador La Huella e escolhem um argentino ou um chileno. Muitos já ouviram falar dos Tannats, mas o Uruguai não produz só Tannats. Faz ótimos Pinots, bons Cabernets e brancos maravilhosos.
Estive duas vezes no Uruguai este ano. Primeiro, no Carnaval, de férias. Fui de carro. Muito bom. Comi e bebi coisas ótimas. E fiz alguns posts sobre a viagem no meu blog falando sobre vinhos, pratos típicos e a liberação da maconha. Voltei em agosto, como comentarista do Expert Speed Tasting, durante o Salão Internacional de Vinho e Gastronomia do Mantra Resort de Punta del Este . Rodei a região de Canelones, perto de Montevidéu, com a Senderos del Tannat, empresa especializada em enoturismo. Em montevidéu, fiquei hospedada no My Suites, em Pocitos, um hotel design também voltado para o enoturismo que tem degustações todas as noites. Andei pelo salão do Mantra onde havia vinhos de todas as partes do Uruguai. Nas duas viagens me impressionei muito com os vinhos brancos. Se você vai ao Uruguai neste verão, tente, primeiro, provar vinhos uruguaios, porque nem todo restaurante dá destaque à produção nacional em sua carta; segundo, deixar seu preconceito contra vinhos brancos de lado e experimentar também os Sauvignon Blancs, os Chardonnays, os Rieslings e vinhos de outras castas menos comuns. Juro que vale à pena. E, claro, visite as bodegas porque elas são lindas.
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Bem perto de Punta, está a Agroland, sede da empresa que produz os vinhos da Bodega Garzón
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Eles produzem o melhor Albariño do Novo Mundo que já tomei. Com aroma cítricos e bastante mineralidade, lembra mais os Alvarinhos da região dos Vinhos Verdes em Portugal que os Albariños espanhóis
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Fazem também ótimos azeites. A visita, por sinal, é feita na sede da fábrica de azeites. Onde há um espaço para o turismo gourmet
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Grupos pequenos podem marcar uma degustação de vinhos, azeites, queijos da região e azeitonas da propriedade, que valem por uma refeição
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Sede de Punta del Este da Bodega y Granja Narbona, onde estão os vinhedos das variedades brancas
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A Sauvignon blanc é a grande casta uruguaia. O Puerto Carmelo Sauvignon Blanc, da Narbona, é jovem fresco, com aromas cítricos e um leve toque de ervas aromáticas. Perfeito para tomar na praia.
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A sede de Punta tem um restaurante com ótima comida. Da praia até a bodega é um passeio curto. Junto ao restaurante há também uma loja de queijos artesanais.
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A região vinícola de Carmelo fica às margens do Rio da Prata, na altura de Tigre na Argentina. Há inclusive uma balsa que faz o transporte. Por lá, além do restaurante e da queijaria, a Narbona mantém um hotel de charme. Os vinhos são feitos nessa sede
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A Irurtia também fica em Carmelo, a 40 minutos da cidade de Colónia del Sacramento. Um ótimo passeio até para quem vai de Buenos Aires à Colónia só passar o dia
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É a maior bodega do país em termos de volume produzido. A enorme sala de barricas faz parte da visita turística ao estabelecimento que termina sempre com uma degustação
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Ainda assim, mantém o cuidado artesanal no preparo de vinhos especiais. Como o Chardonnnay Km.0 Rio de la Plata. Um branco ultra elegante, com frutas muito delicadas e mineralidade no nariz e na boca
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No mesmo caminho que leva à Narbona e à Irurtia, está a Los Cerros de San Juan, a bodega comercial mais antiga do Uruguai. Começou a ser construída em 1869. Fazia parte de um complexo rural, com centenas famílias que praticavam uma economia auto-suficiente
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A sala de degustações está hoje onde funcionou o armazém da Compañia Rural de los Cerros de San Juan. A empresa pertencia a uma família alemã
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Até hoje eles produzem um Riesling muito bom. Elegante, com aromas finos e, até, um petrolado (um leve aroma de petróleo que, dizem, dá a nobreza dos Rieslings da região do Reno na Alemanha)
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No meio do caminho entre Punta del Este e Montevidéu está Atlántida, uma região de praia onde fica a Viñedo de los Vientos. Nesta vinícola boutique, o turista é recebido pelos próprios donos, Mariana e Pablo
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Seus vinhos são bastante surpreendentes. Este Estival é um corte de 60% Gewurztraminer, 30 % Chardonnay e 10% Moscato. Por ter duas variedades super perfumadas, imaginei que fosse aromático demais. É aromático, mas tem um frescor que corta qualquer excesso da Gewurz ou da Moscato. Ótimo
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Os vinhedos ficam ao lado da casa. Pablo herdou a propriedade do avô. Por lá, já há algumas vinhas velhas
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Poucas capitais no mundo têm vinhedos tão próximos da cidade quanto Montevidéu. A região de Canelones fica a meia hora, uma hora no máximo, dependendo do endereço, das Ramblas. E algumas bodegas como a Carrau são em Montevidéu mesmo, dentro do perímetro urbano.
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Mesmo quem está na cidade a negócios consegue dar uma escapadinha até a vinícola. São 20 minutos do centro. O lugar é lindo, com prédios do fim do século XIX
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O turista visita a vinícola, vê de perto como se produz um vinho, degusta vinhos e queijos e pode comprar garrafas de linha ou até rótulos raros na loja da bodega
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Experimente o Sauvignon Blanc Sur Lie da linha reserva. Ser sur lie significa que ele esteve em contato com as borras durante o período de amadurecimento. No caso, foram três meses antes de engarrafar. Esse contato com as lias produz aromas complexos e delicados. No nariz, tem floral, frutas tropicais e alguma erva aromática
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A Establecimiento Juanicó tem vinhedos por todo o país. Eles produzem as marcas Don Pascual, Família Deicas, Bodegones del Sur e Casa Magrez. A sede fica em Canelones, cercada de um parque enorme, lindo, e de vinhedos.
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Há também prédios e armazéns do século XIX. Além de uma bodega subterrânea de 1830. Em cima da qual está o prédio onde funciona o restaurante, que serve parrilla, e uma sala de estar, onde se pode fazer degustações com tábuas de frios
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Prove o branco Familia Deicas Preludio. Um corte com 50% Chardonnay e 50% Viogner
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